segunda-feira, junho 13

O Voo do Falcão

Esta noite adormeci, vejam só que curtição, no lugar dos meus dois braços existiam asas de falcão, quando dei conta do que estava a acontecer, dei comigo na base de uma nuvem já quase a chover, então veio a memória algo que li por aí, "cuidado com os CB´s eles podem te engolir", tratei de acelerar não queria passar à história, se eu conseguisse aterrar com segurança, poderia voar noutra altura, antes de me dar conta o sol apareceu, naquele instante olhei para cima e contemplei o azul do céu. Percebi algo estranho, comecei a afundar, algo que me segurava nas nuvens até aquele momento parecia me soltar, lembrei-me de algumas palavras que algumas vezes ouvi, "se não existirem nuvens as térmicas parecem não existir", realmente fui descendo até quase tocar o chão então lembrei-me que tinha asas e eram asas de falcão, apenas com alguns movimentos estava alto novamente, encontrei outra térmica e procurei logo o seu centro. A vista lá de cima era mesmo maravilhoso pareciam aquelas fotos que contemplava habitualmente, aqueles imensos rios pareciam tão pequenos a mata e as montanhas eram como de brinquedo, ainda estava planando mas custava a acreditar, que o meu sonho de infância conseguira realizar. De repente ao som de vários gritos olhei assustado, era um pelotão de pilotos disputando um campeonato, "sigam aquele pássaro" falou alguém aos companheiros, "talvez por intermédio dele possamos chegar primeiro", entendi que naquela hora fui o centro das atenções, todos vieram acelerados continuei voando firme e mantive a tradição, logo alguém me agradecia: - "você foi a salvação", enquanto girávamos juntos e um deles disse-me: - "também fui como você, um garoto sonhador". Fiquei olhando confuso, sem saber como me reconheceu ele voou para outra térmica mas a frase comoveu, sem que ao menos percebesse uma lágrima nasceu, eles seguiram o seu caminho eu solitário segui o meu. O sol já ia se pondo, a actividade térmica diminuiu, fui até ao cume de um monte procurar um lugar para dormir, quando aproximei para aterrar fui tomado de grande alegria, afinal tinha voado durante quase todo o dia, deitado no chão rochoso contemplei o por do sol, aquilo era tão lindo, parecia um quadro pintado à mão. Adormeci estava exausto queria forças para voar no outro dia, na verdade era voar, voar era o que eu queria, logo tudo ficou escuro apaguei completamente alguém me tocou nas costas sacudindo-me bruscamente, talvez fosse um predador não queria saber levantei as minhas asas e rumo a escuridão parti, acordei no chão gelado foi então que percebi, a presença de minha mãe, contendo-se para não rir.... Coisas de Sonhador !!!

Autor: RodrigoJales/SP BRASIL

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