Todos nos perguntamos (ou várias pessoas nos perguntam) de onde vêm esta vontade louca de voar, de estar com os pés fora do chão, de olhar o mundo lá do alto, independentemente de todo o risco envolvido (risco suicida, na visão de muitos e desconhecedores deste desporto).
Já é de conhecimento popular que a fonte de tal desejo estaria numa bactéria - Aerococos - que, estando presente no organismo, em alguns casos se manifesta desde a mais tenra idade e em outros fica incubada até que um mecanismo dispara a sua multiplicação. Quando se desencadeia o mecanismo que "activa" esta bactéria, que pode ser diferente em cada caso, ela multiplica-se e "toma de assalto" o organismo do hospedeiro de uma tal forma que o individo vai ter mesmo de voar. Muitas vezes a simples visão de alguém a voar é o suficiente para activar a bactéria, em outras, um voo em bilguar é o início do processo.
Depois de "despertados, os aerococos só deixam o hospedeiro em paz quando este atende às suas necessidades. Uma vez atendida, os aerococos libertam uma substância relaxante que causa dependência química na primeira "utilização". É o famoso estado "aerado", que proporciona aquela cara de parvo com que um piloto fica depois de um grande voo (que, para um iniciante, pode ser um voo de 2 minutos).
Além de viciante, a dependência é evolutiva, pois o piloto nunca mais fica satisfeito com as doses iniciais e quer sempre mais.
Caso a necessidadenão seja atendida, o viciado pode apresentar sinais de irritação. Já foram testemunhados vários casos de pilotos a esbracejar, praguejar, dar socos no chão, pontapear cães, morder os cotovelos, comer o fato de voo e etc, de raiva por estar aterrado, num dia perfeito de voo, com todos os outros pilotos estratosféricos...
Depois de "ampla pesquisa" (leia-se muitas horas vagas num fim de semana chuvoso) segue a lista dos aerococos identificados. A lista não está completa e caso algum de vocês identifique outra ramificação, basta acrescentar na lista.
* Aerococos fatalis - aqueles que te matam se você não voar;
* Aerococos liftalis - entram em estado de latência com um voo de permanência. Dão grande resistência ao tédio, pois permitem que o piloto fique durante várias horas a voar sempre no mesmo lugar;
* Aerococos crossilis - só entram em estado de latência após um grande vôo de cross-country. Estes aerococos não se acalmam, mesmo se o piloto ficar a voar durante largas horas;
* Aerococos anaerobis - só entram em estado de latência com voos altos, daqueles que o piloto precisa de botija de oxigênio;
* Aerococos litoralis - só curtem o vôo liso de litoral e provocam suores frios nos hospedeiros só de pensar na actividade térmica do interior;
* Aerococos thermalis - preferem a porradaria do interior ao voo liso do litoral. Normalmente causam tédio ao piloto que insiste no voo de encosta;
* Aerococos tandem - só curtem o voo de bilugar;
* Aerococos acrus - estes aerococos não se contentam com voos altos, ou longos, ou duradouros, se o vôo não tiver, pelo menos, um SAT, espiral assimétrica, tumbling ou qualquer outra manobra (ou todas elas). Por incrível que pareça, estes aerococos só se contentam até com uma marreca de 5 minutos se, nesta marreca, a aterragem for em espiral, com a ponta do estabilizador a raspar o chão antes do giro da morte;
* Aerococos indefinidum - aqueles que gostam de qualquer tipo de voo, cross, alto, baixo, longo, curto e etc... eles querem é voar;
* Aerococos competitium - estes só se acalmam após participarem em competições. Estes aerococos podem ser confundidos com o fatalis, o liftalis, o crossilis, o anaerobis e o indefinidum, mas na realidade, o grande objetivo deles é treinar para competições;
* Aerococos inflandum - estes só gostam de ficar a inflar o parapa no chão. Voar... nem pensar...
* E-Aerococos - este só gostam do voo pela internet. Induzem o seu hospedeiro a conhecer tudo sobre o voo e seus sintomas são comichões incontroláveis nos dedos, que só curam com a digitação de e-mails. Este é um Aerococo mimetizador, pois finge ser quase todos os outros, com exceção do inflandum e etc;
(Antes que me lixem, eu não estou infectado com este, ok? Foi só um fim de semana sem voar... hehehe)
* Aerococos admiralis - normalmente infectam as(os) esposas(os) dos(as) pilotos(as), pois estes aerococos se satisfazem e entram em latência com a admiração do voo de outros, mas eles mesmos não querem tirar os pés do hospedeiro do chão;
Alguns aerococos de linhagens diferentes podem conviver pacificamente no mesmo hospedeiro, como por exemplo o indefinidum e o liftalis, porém, outros são incompatíveis como o crossilis e o prealis.
Um grande abraço a todos e espero que no próximo fim de semana dê para voar, pois aí eu paro de pensar e escrever asneiras...
Autor: Everson Baraldo
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